domingo, 29 de março de 2015

PÁSCOA

A TRANSVALORAÇÃO PASCAL
        
01] Estamos nos aproximando da Páscoa. Muitos estão preocupados com os presentes, que irão receber ou que vão presentear. Com a atual conjuntura econômica fica difícil adquirir aquele presente que tanto desejamos presentear a alguém em especial. Mas, afinal de contas, o que é mesmo a Páscoa? Qual é o seu significado? Qual é a sua importância em nossas vidas?

02] Para o comércio em geral, é mais uma boa oportunidade para atrair a clientela para vender seus produtos e aumentar suas vendas e consequentemente obter mais lucros. Diariamente a mídia nos induz [a até nos seduz] a irmos as “compras”. A mídia não se preocupa com o significado real da Páscoa. Seu objetivo é outro, é bem diferente do real. Tudo na vida tem um sentido, um “porque”. A Páscoa também tem um “porque” de sua existência. Sua gênese não é fruto do acaso, ou do próprio caos. Muito menos fruto da necessidade de alimentar o sistema comercial.

03] Pessah é o nome hebreu da Páscoa. Celebra-se a lembrança da libertação dos israelitas que estavam na condição de escravidão no Egito, que ocorreu no dia 14 do mês hebraico Nissan [correspondente aproximadamente a março-abril], aproximadamente em 1280 anos a.C. Desde então a Pessah foi para os israelitas o aniversário da libertação do jugo da escravidão, a qual devia guiá-lo à libertação do espírito, à fé, à virtude e para uma vida nobre e sagrada.

04] Pessah é a passagem de Iahweh [Deus] pelas casas dos israelitas, ao passo que atingia as dos egípcios. É a passagem de Cristo pela região da morte para a ressurreição e a vida, segundo o sentido cristão. Em ambos o sentido, judaico e cristão, é uma celebração libertadora que aponta na direção de uma realidade de ultrapassagem e de vitória sobre os males (sejam eles espirituais ou sociais), presente como esperança no coração dos homens. Pessah também é considerado a festa da primavera, coincidindo a sua data com a primavera em Israel. Pessah prolonga-se por oito dias, sendo os seus primeiros e últimos dias, dias considerados Yamim Touim, ou seja, “dias festivos”.

05] Para os cristãos católicos (ortodoxos, latinos e anglicanos), a Semana Santa, que antecede a Festa da Ressurreição, é o momento propício para maior reflexão sobre o sentido da Páscoa, hoje! Estamos nos preparando para simplesmente re-viver uma “páscoa comercial”, ou verdadeiramente ressurgirmos com Cristo, e em Cristo, para uma mudança radical [libertadora] em nossa sociedade? Inicialmente em nosso próprio coração.

06] Fazendo uma “re-leitura da realidade”, percebemos a transvaloração [inversão de valores]. Hoje, o homem tornou-se, novamente, escravo do seu próprio egoísmo, preso em si mesmo, permitindo que as seduções midiáticas produza um imaginário pascal comercial. Quanto mais o homem se afasta do real significado da Páscoa [passagem para a libertação, do ser escravo para o ser livre em si (e em Deus, no sentido religioso)], mais se torna escravo comercial dos objetos obsoletos que, ao invés de libertá-lo – escraviza-o.

07] Promover a verdadeira Páscoa, não é presentear materialmente a outrem, simplesmente – mas é promover [ou ajudar em tal promoção] a verdadeira transformação da justiça social e a práxis da mesma na sociedade e para todos na sociedade. Fica registrado o desafio. Se a celebração da Páscoa não nos conduz à libertação, então estamos, ainda, infelizmente, na alienação pascal, presos a um sistema capitalista que nos faz enxergarmos a nós mesmos como fantoches de seus interesses comerciais.

Prof. Fil. Antonio Moraes, graduado em Filosofia e Teologia, com pós-graduação em Psicopedagogia; e História; e em Fé e Política. Mestrando em Ciências da Educação. Escritor e pai de Hannah-Sophia, um encanto de menina.

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