Disciplina: Filosofia
Prof.: Prof. Fil. Antonio Moraes
Série: 2º Ano
Texto: A Atitude Cientifica (pág.
236/243)
Livro: Iniciação à Filosofia
Autora: Marilena Chaui
Editora: Ática, 2016
Blog: http://filhodasophia.blogspot.com.br
ESTUDO DIRIGIDO ACERCA DA
TEMÁTICA A ATITUDE CIENTIFICA (PÁG. 236/243).
A autora, a Prof. Fil. Marilena
Chaui, trabalha nesse texto a importância da ATITUDE CIENTIFICA, e para tanto
traz situações do cotidiano, apontando questões nas quais estamos envoltos e
muitas vezes não nos damos conta de que a realidade
vivida deve ser pensada, refletida.
Senso Comum e Atitude Científica.
Há uma grande diferença entre
nossas certezas cotidianas e o pensamento científico. Nossas opiniões
cotidianas formam o senso comum da nossa sociedade, criam certezas que são
transmitidas de geração a geração, e muitas vezes, se transformam em crença
religiosa, tornando-se uma doutrina inquestionável. Vejamos alguns exemplos:
O Sol é menor do que a Terra, o
Sol se move em torno da Terra que permanece imóvel, as cores existem em si
mesmas. A família é uma realidade natural criada pela natureza para garantir a
sobrevivência humana e para atender à afetividade natural dos humanos, que
sentem necessidade de viver juntos.
O conhecimento científico
desconfia da veracidade de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas,
da ausência de crítica e da falta de curiosidade. Por isso onde vemos fatos e
acontecimentos, a atitude cientifica vê problemas e obstáculos, aparências que
precisam ser explicadas e, em certos casos, afastadas. Retornemos aos nossos
exemplos:
A astronomia demonstra que o Sol
é muitas vezes maior do que a Terra e, desde Copérnico, que é a Terra que se
move em torno do Sol. A óptica demonstra que as cores são ondas luminosas,
obtidas pela refração e reflexão ou decomposição da luz branca. Historiadores e
antropólogos mostram que o que entendemos por família (pai, mãe, irmãos,
esposa, marido) é uma instituição social recentíssima – data do século XV – e é
própria da Europa ocidental, mostram também que não é um fato natural, mas uma
criação humana, exigida por condições históricas determinadas.
Características do Senso Comum
Um breve exame dos nossos saberes
cotidianos e do senso comum de nossa sociedade revela que possuem algumas
características que lhes são próprias:
- são subjetivos, isto é,
exprimem sentimentos e opiniões individuais ou de grupos, variando de uma
pessoa para outra ou de um grupo para outro, dependendo das condições em que
vivemos.
- por serem subjetivos, levam a
uma avaliação qualitativa das coisas conforme os efeitos que produzem em nossos
órgãos dos sentidos ou conforme os desejos que despertam em nós e o tipo de
finalidade ou de uso que lhes atribuímos.
- agrupam-se ou distinguem-se
conforme as coisas e os fatos nos pareçam semelhantes ou diferentes.
- são individualizadores, isto é,
cada coisa ou cada fato nos parece como um indivíduo distinto dos outros por
possuir qualidades que nos afetam de maneira diferente.
- mas são também generalizadores,
pois tendem a reunir numa só opinião ou numa só idéia coisas e fatos julgados
semelhantes.
- em decorrência das
generalizações, tendem a estabelecer relações de causa e efeito entre as coisas
ou entre os fatos.
- não se surpreendem nem se
admiram com a regularidade, constância, repetição e diferença das coisas, mas,
ao contrário, a admiração e o espanto se dirigem para o que é imaginado como
único, extraordinário, maravilhoso ou miraculoso.
- pelo mesmo motivo e não por compreenderem
o que seja a investigação cientifica, tendem a vê-la quase como magia,
considerando que ambas lidam com o misterioso, o oculto, o incompreensível.
- costumam projetar nas coisas ou
no mundo sentimentos de angustia e de medo diante do desconhecido.
- por serem subjetivos,
generalizadores, expressões de sentimento de medo e angustia e de incompreensão
quanto ao trabalho cientifico, nossas certezas cotidianas e o senso comum de
nossa sociedade cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos a interpretar
a realidade que nos cerca e todos os acontecimentos.
Características do pensamento
cientifico
Em quase todos os aspectos
podemos dizer que o pensamento filosófico-cientifico opõe-se ponto por ponto às
características do senso comum:
- é objetivo, pois procura as
estruturas universais e necessárias das coisas investigadas.
- é quantitativo, ou seja, busca
medidas, padrões, critérios de comparação e de avaliação para coisas que
parecem diferentes.
- é homogêneo, isto é, busca as
leis gerais de funcionamento dos fenômenos, que são as mesmas para os fatos que
nos parecem diferentes.
- é generalizador, pois reúne
individualidades sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de medida,
mostrando que possuem a mesma estrutura, embora sejam sensorialmente percebidas
como diferentes.
- é diferenciador, pois não reúne
nem generaliza por semelhanças aparentes, mas distingue entre os que parecem
iguais, desde que obedeçam a estruturas diferentes.
- só estabelece relações causais
depois de investigar a natureza ou estrutura do fato estudado e suas relações
com outros semelhantes e diferentes.
- surpreende-se com a
regularidade, a constância, a frequência, a repetição e a diferença das coisas
e procura mostrar que o maravilhoso, o extraordinário ou o milagroso é um caso
particular do que é regular, normal, frequente.
- distingue-se da magia. A
atitude cientifica opera um desencantamento do mundo, mostrando que nele não
agem forças secretas, mas causas e relações racionais que podem ser conhecidas
e que tais conhecimentos podem ser transmitidos a todos.
- afirma que, pelo conhecimento,
o homem pode libertar-se do medo e das superstições, deixando de projetá-los no
mundo e nos outros.
- procura renovar-se
continuamente, evitando a transformação das teorias em doutrinas e destas em
preconceitos sociais. O fato cientifico resulta de um trabalho paciente e lento
de investigação e de pesquisa racional, aberto a mudanças, não sendo nem um
mistério incompreensível nem uma doutrina geral sobre o mundo.
A ciência distingue-se do senso
comum porque esta é uma opinião baseada em hábitos, preconceitos, tradições
cristalizadas, enquanto a primeira baseia-se em pesquisas, investigações
metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente
coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é conhecimento que
resulta de um trabalho racional.
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