terça-feira, 20 de abril de 2021

1º Ano / 2º Bim. Texto: Períodos e Campos de Investigação da Filosofia Grega.

Disciplina: Filosofia

Prof.: Prof. Fil. Antonio Moraes

Série: 1º Ano

Texto: Períodos e Campos de Investigação da Filosofia Grega (pág. 40/49)

Livro: Iniciação à Filosofia

Autora: Marilena Chaui

Editora: Ática, 2016


ESTUDO DIRIGIDO ACERCA DA TEMÁTICA

PERÍODOS E CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO DA FILOSOFIA GREGA (PÁG. 40/49).

 OS PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

A história da filosofia confunde-se com a história do povo da Grécia, para entender os períodos da filosofia, faz-se necessário entender os períodos da história grega que costuma ser dividida em quatro fases ou épocas, quais sejam:

1 - A da Grécia homérica, narradas nos livros a Ilíada e a Odisseia, narrados pelo poeta Homero.

2 – A da Grécia arcaica ou dos sete sábios, que vai do século VII ao século V antes de Cristo. Nesta época foram fundadas as principais cidades gregas.

3 – A da Grécia clássica, nos séculos V e IV antes de Cristo, quando a democracia se desenvolve.

4 - A da Grécia helenística, a partir do século IV a. C, quando a Grécia perde sua hegemonia e cai, primeiro para a Macedônia e depois para Roma, terminando assim sua história de independência.

 

Ressalte-se que os períodos da filosofia não correspondem necessariamente a esta divisão, já que a filosofia não aparece na Grécia homérica e surge na Grécia arcaica, e seu apogeu dá-se durante a Grécia clássica.

Os quatro grandes períodos da filosofia grega são:

1 – Período pré-socrático ou cosmológico, quando a filosofia se ocupa com a origem do mundo e causa das transformações naturais. Vai do século VII ao século V a. C.

2 - Período socrático ou antropológico (ântropos, em grego significa homem). A filosofia investiga as questões humanas. Vai do século V e todo o século IV a. C.

3. – Período sistemático, do final de século IV ao final do século III a. C. A filosofia busca sistematizar e reunir tudo que foi pensado até o momento sobre a cosmologia e a antropologia.

4 – Período helenístico ou greco-romano. Vai do final do século III a. C. Até o século VI d. C. Neste período a filosofia ocupa-se com questões como a ética, o conhecimento humano e das relações entre o homem e a natureza e de ambos com Deus.

 

FILOSOFIA GREGA

Os dois primeiros períodos da filosofia grega, tem como referência, o filósofo Sócrates, de Atenas.

 

PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO OU COSMOLÓGICO:

Os principais filósofos pré-socráticos são:

Da Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso;

Da Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;

Da Escola Eleata: Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia;

Da Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.

Características do período pré-socrático ou cosmológico:

1 - A explicação racional e sistemática da natureza, na qual os seres humanos fazem parte e em assim sendo explica também à origem e a mudança dos seres humanos.

2 – A cosmologia nega a criação do mundo como se este tivesse surgido do nada (questiona assim algumas religiões, que dão ao mundo uma origem divina), por isso afirma “nada vem do nada, e nada volta ao nada”.

3 – O fundo eterno, onde tudo nasce e tudo volta é visível apenas para o pensamento.

4 – O fundo eterno chama-se physis (do grego physis, que significa fazer surgir, fazer brotar, produzir, fazer nascer).

5 – Embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecível, ela dá origem a todos os seres variados e diferentes do mundo e estes são perecíveis e mortais.

6 – Afirma que todos os seres estão em contínua transformação, ou seja, o mundo esta em mudança e movimentações continuas e mesmo assim não perde sua forma, ordem ou estabilidade. O movimento do mundo é chamado de devir, e este segue leis que o pensamento conhece. O devir é a passagem contínua de uma coisa para o seu estado contrário, obedecendo às leis da physis. 

 

PERÍODO SOCRÁTICO OU ANTROPÓLOGICO:

Atenas tornou-se o centro da vida política e cultural da Grécia. Foi o período de esplendor de Atenas, conhecido como Século de Péricles. É a época de florescimento da democracia grega que afirmava a igualdade de todos os homens adultos. Estavam excluídos desta democracia: as mulheres, escravos, crianças, estrangeiros e velhos.

Quando não havia democracia, dominavam as famílias aristocráticas que se utilizaram dos poetas gregos Homero e Hesíodo para defender suas ideias. Homero e Hesíodo defendiam as virtudes admiradas pelos deuses, tais como a coragem diante da morte, a beleza do corpo e a Arete (excelência e superioridade).

No Século de Péricles o ideal é a formação da educação do cidadão, a Arete (excelência e superioridade) é a virtude cívica. Para ministrar esta nova educação, com a lógica cívica, surgiram os sofistas e os mais destacados deles foram Protágoras de Abdera, Górgias de Leontini e Isócrates de Atenas.

Os sofistas afirmavam que os ensinamentos dos cosmologistas estavam errados e se apresentavam como mestres da oratória, retórica (características da persuasão), afirmando que era possível ensinar a arte da persuasão para que todos fossem bons cidadãos, ou seja, ensinavam aos jovens a arte de argumentar e persuadir.

O filosofo Sócrates (patrono da filosofia), rebelou-se contra os sofistas, pois achava que estes corrompiam o espírito dos jovens, pois faziam o erro e a mentira valer tanto quanto a verdade. Sócrates concordava com os sofistas apenas no combate aos cosmologistas.

Para Sócrates, antes de conhecer a natureza, o homem deveria conhecer a si mesmo, eis porque o período socrático, também e conhecido como período antropológico, pois é voltado para o conhecimento do homem.

Platão, discípulo de Sócrates traçou um retrato de Sócrates como sendo um filósofo que andava pelas ruas e praças de Atenas fazendo questionamentos, ou seja, tentando fazer com que seus ouvintes refletissem.

Sócrates questionava ideias e valores dos gregos e seus interlocutores não sabiam responder, assim como ele, que respondia que também não sabia, ou seja, demonstrava a consciência da própria ignorância, que é o começo da filosofia.

Sócrates não procurava opiniões, mas sim a essência da ideia, da coisa, do valor, ou seja, um conceito de nós mesmos e não opiniões a respeito.

A diferença de opinião e conceito é que a opinião é instável, mutável depende de cada um, de cada época e local, o conceito por sua vez é uma verdade intemporal, universal e necessária que o pensamento descobre.

Ao fazer seus interlocutores pensar e questionar, Sócrates tornou-se para os poderosos de Atenas um perigo, pois fazia a juventude pensar e por isso foi acusado de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Sócrates não se defendeu, pois se recusou a aceitar as acusações e ainda recusava-se a deixar de filosofar. Foi condenado a tomar um veneno (a cicuta) e obrigado a suicidar-se.

Tendo em vista que Sócrates nunca escreveu, seus pensamentos foram escritos por seus discípulos e é com base nestas obras, dentre elas uma escrita por Platão, intitulada Apologia de Sócrates que podemos ter uma noção do período socrático. Baseado nas obras dos discípulos de Sócrates podemos elencar algumas características deste período:

1 – A filosofia preocupa-se com questões humanas, tais como ideias, moral, valores, crenças, entre outras.

2 – O ponto de partida da filosofia é a reflexão, que nada mais é do que a volta que o pensamento faz sobre si mesmo para conhecer-se. É a consciência conhecendo a si mesma.

3 – Os pensamentos devem oferecer a si mesmo condições e meios para saber o que verdadeiro e como alcançá-lo em tudo que busquemos.

4 – A filosofia está voltada para a definição das virtudes morais e políticas dos seres humanos, tanto como indivíduos, quanto como cidadãos.

5 – Cabe à filosofia encontrar a definição, o conceito das virtudes, para além das opiniões.

6 – E feita à separação entre ideia e opinião. A opinião é pessoal e sofre influências e a ideia é embasada em critérios, pesquisas, entre outras e utiliza-se do pensamento.

7 – A reflexão e o pensamento permitem ao espírito humano conhecer a verdade invisível, imutável, universal, e necessária.

8 – A opinião passa a ser considerada falsa por ser contraditória, inconsistente, mutável e deve ser abandonada.

9 – A diferença entre Sócrates e Platão de um lado e os sofistas de outros. Os primeiros consideram as opiniões fontes de erros, mentira e falsidade, enquanto que os sofistas aceitam a validade das opiniões.

 

PERÍODO SISTEMÁTICO:

O principal nome deste período é o filósofo Aristóteles de Estagira, discípulo de Platão.

Após quatro séculos de filosofia, Aristóteles apresenta um grande estudo de todo o saber que foi produzido até então pelos gregos se utilizando da filosofia que, portanto, não é um saber específico, mas uma forma de conhecer todas as coisas, apenas se utilizando de procedimentos diferentes para cada campo de coisas que se conhece. Cada saber, no campo que lhe é próprio possui seu objeto, procedimentos, exposição e formas próprias de explicação, portanto cada campo do conhecimento é uma ciência (em grego episteme), Aristóteles afirma que antes de um conhecimento constituir seu objeto e seu campo próprios, é necessário conhecer as leis gerais que governam o pensamento, ou seja, a lógica. Aristóteles foi o criador da lógica como instrumento do conhecimento em qualquer campo do saber. A lógica é o instrumento para a ciência e por isso é indispensável para a filosofia.

 

Os campos do conhecimento filosófico:

 

Aristóteles dividiu os campos do conhecimento filosófico em:

1 - Ciências produtivas. Estudam as partes produtivas ou técnicas e que resultam em um produto ou uma obra. Ex. Arquitetura, economia, o artesanato, o comércio, a medicina, etc.

2 – Ciências práticas: Estudam as práticas humanas enquanto ações. Ex. A ética, a política.

3 - Ciências teoréticas, contemplativas ou teóricas (theoria em grego significa contemplação da verdade): Estudam as coisas que existem independentes do homem ou de suas ações e, portanto só podem ser contempladas por eles. São as ciências naturais e divinas. Aristóteles classifica esta ciência pelo grau de superioridade da forma como segue:

3.1 – Ciência das coisas naturais submetidas à mudança ou ao devir (passagem continua de uma coisa a seu estado contrário). Ex. Física, biologia, meteorologia, psicologia (psychê = alma, portanto psicologia é o estudo da alma), que também sofre variações.

3.2 – Ciência das coisas naturais que não se submetem à mudança ou ao devir. Ex. Matemática, astronomia (os gregos acreditavam que os astros eram imutáveis).

3.3 – Ciência da realidade pura, conhecida como metafísica. Trata-se daquilo que deve haver em qualquer realidade, é o que Aristóteles chama de ser ou substancia de tudo o que existe.

3.4 – Ciência teórica das coisas divinas que são a causa e a finalidade de tudo que existe na natureza e no homem, conhecida como teologia (theion – coisas divinas). Para Aristóteles a filosofia encontra seu ponto mais alto na teologia e na metafísica, de onde, acredita que ele, deriva todos os outros conhecimentos.

 

A partir da divisão aristotélica, defina-se, os campos de investigação filosófica, que só foram corrigidos no século XIX.

 

São três estes campos de investigação filosófica:

 

1 – O do conhecimento da realidade última de todos os seres, conhecido como ontologia (estudo dos seres, on = ser e ta = seres) Ex. Metafísica, teologia.

2 – O do conhecimento das ações humanas, como a ética, a política, os valores morais e políticos.

3 – O conhecimento da capacidade humana de se conhecer, isto é o conhecimento do próprio pensamento, em suas leis gerais e em suas leis especificas em cada ciência.

 

PERÍODO HELENÍSTICO:

É o último período da filosofia antiga, quando a polis grega desaparece deixando assim de ser referência para os filósofos, tendo em vista que a Grécia se encontra sob domínio de Roma.

É o período chamado de filosofia cosmopolita, visto que os romanos ajudaram a difundir a filosofia grega por seus domínios. É a época em que a filosofia passa a dar explicações totalizantes sobre a natureza, o homem e as relações entre ambos e deles com as divindades. Datam deste período quatro sistemas que influenciaram o pensamento cristão. O epicurismo, o ceticismo, o estoicismo e neoplatonismo. Inicia também nesta época a orientalização da filosofia nos aspectos místicos e religiosos em função da dimensão da influência romana no oriente que agregou alguns valores culturais dos orientais.


Música: Pensamento

Banda: Hanói-Hanói

 

Pensamento vem de fora

E pensa que vem de dentro

Pensamento que expectora

O que no meu peito penso.

 

Pensamento a mil por hora,

Tormento a todo momento

Por que é que eu penso agora

Sem o meu consentimento?

Se tudo que comemora

Tem o seu impedimento;

Se tudo aquilo que chora

Cresce com seu fermento

Pensamento dê o fora

Saia do meu pensamento.

Pensamento, vá embora

Desapareça no vento

E não jogarei sementes

Em cima do seu cimento   

















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