domingo, 18 de fevereiro de 2018

1º Bim. / 3º Ano Filo

A ÉTICA NO COTIDIANO: UMA REFLEXÃO INICIAL

        Ao longo do dia, diante de pessoas, coisas e situações, muitas avaliações ou pré-conceitos são perpetrados constantemente. Desde que o mundo é mundo é assim. O ser humano vive sob o maniqueísmo das coisas: o bem e o mal, o certo e o errado, e o que diferencia cada um tem a ver com a boa índole refletida na boa conduta frente à sociedade, regida por regras de bem viver que precisam ser respeitadas. Não deve ser confundida com as leis, mas está relacionada com o sentimento de justiça social. Princípios ou valores morais, como a ética são peças chave para a harmonização dos grupos, a fim de que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Pelo menos é o que diz a teoria. Nesse sentido, ética é um tema recorrente, pois, está atrelada à vida, ao cotidiano do Homem.
            Nos dias de hoje, muitos citam a palavra “ética”, mas, quando perguntados, não conseguem explicá-la nem defini-la. Por isso, o objetivo deste texto é abordar o conceito de ética de modo a tornar mais claro seu entendimento a partir de uma reflexão sobre a mesma nos dias atuais. Em um primeiro momento a ética nos remete a norma, liberdade e responsabilidade. Falar em ética significa falar de liberdade, pois não há sentido falar de norma ou de responsabilidade se não partimos da suposição de que o ser humano é realmente livre para agir, ou pode sê-lo.
            A norma nos diz como devemos agir. E, se devemos agir de tal modo, é porque também podemos não agir deste modo. Isto é, se devemos obedecer, é porque podemos desobedecer ou somos capazes de desobedecer à norma. Também não haveria sentido falar de responsabilidade, se o condicionamento ou o determinismo fosse tão completo a ponto de considerar a resposta como mecânica ou automática.
            Por outro lado se afirmarmos que o determinismo é total, não há o que falar de Ética; pois a Ética refere-se às ações humanas, e, se elas são totalmente determinadas de fora para dentro, não há espaço para a liberdade, como autodeterminação e, consequentemente, não há espaço para a Ética.
           Para falar sobre um dos ramos da filosofia dedicado aos assuntos morais que norteiam um meio social, é necessário refletir sobre os dilemas da conduta dos indivíduos, na contemporaneidade, em todos os âmbitos sociais, a começar na família, na escola, no trabalho e assim sucessivamente. Pensar nos descaminhos dos seres humanos, refletidos na violência, na exclusão, no egoísmo e na indiferença pela sorte do semelhante e até mesmo da sociedade.
            Na atualidade a ética abrange uma vasta área, podendo estar relacionada com temas ligados ao ambiente familiar, escolar, profissional, econômico, social e político. Existem códigos de ética profissional que indicam como o indivíduo deve se comportar no âmbito da sua profissão. Nos dias atuais com um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, as pessoas preocupam-se com a ética nos seus negócios mostrando-se cada vez mais eficazes para competir com sucesso e obter resultados positivos.
            Um outro exemplo a ser citado é na arena política onde a sociedade tem exigido cada vez mais a moralidade de seus agentes e representantes e cada vez mais “condenando” as ações que saqueiam os cofres públicos tirando do povo o recurso que deveria ser empregados na prestação de serviços a população (educação, saúde, segurança, infraestrutura).
            Na arena política vale destacar a importância que os conceitos de democracia e direitos humanos assumiram que são também, simultaneamente, de caráter moral: como por exemplo, a partir da discussão em torno dos conceitos de liberdade, igualdade e justiça social. Mas o que é certo, o que é errado? Existe uma série de discussões políticas relativas aos direitos de grupos sociais as quais devem ser percebidas como questões morais: a questão do aborto, por exemplo, que ocasiona grande polêmica quando posto em pauta, os direitos dos deficientes, a eutanásia, entre outras questões. São temas complexos que perpassaram o tempo e hoje resultam em discussões que esbarram no senso ético para a resolução de cada situação em seu tempo.

          Diretamente relacionada ao aspecto político, a ética nos remete também à noção de cidadania e a vida em comunidade com o objetivo da realização das pessoas. A ética na cidadania busca refletir sobre o comportamento humano sob o ponto de vista das noções de bem e de mal, de justo e injusto, abrangendo as normas morais e as normas jurídicas; a ética na cidadania busca um meio em que as pessoas possam interagir na sociedade obedecendo tais leis morais para um bom desempenho da comunidade humana.
Crise moral da humanidade
            Se nós partirmos do princípio de que ninguém nasce com preceitos morais internalizados, temos que admitir que é pela educação que o indivíduo tem a chance de construir sua personalidade moral E em uma sociedade competitiva e individualista como a que vivemos, pode parecer utopia aspirar por valores como a justiça, baseados na reciprocidade e no compromisso pessoal. Assistimos todos os dias ao retrato de um país que esqueceu esse “princípio da vida”. Nem é preciso dizer quem mais sofre com esse descompromisso. Nesse descompasso, patologias sociais como as desigualdades e a corrupção se proliferam ficando cada vez mais aguçando a crise dos valores morais e sociais.  E isso atinge a humanidade, de modo geral.
         A ética supõe-se a necessidade da reflexão sobre valores sociais em meio a crise estabelecida reduzida ao individualismo e à competitividade, por isso, se torna necessário, mais do que nunca, uma preocupação com o social. Sim, porque a crise da Humanidade é uma crise moral. Evidencia-se aqui, a falta de ética nos vários âmbitos. A discussão sobre a justiça social é também uma discussão moral, admitindo que os valores das ações sociais estejam deturpados devido à lógica do sistema vigente. Bem e mal, certo e errado, justo e injusto cederam lugar ao sentimento de sobrevivência, do “salva-se quem puder” ou do interesse pessoal e particular numa sociedade exploradora, que mascara a liberdade, condição fundamental para a realização de ações morais.
            Ademais, vivemos em uma sociedade globalizada, onde o mundo se tornou uma grande aldeia global. Em época alguma se atingiu um nível de inter-relacionamento que nos permitisse falar em um mercado mundial que determina a produção, a distribuição e o consumo de bens, e em uma cultura da virtualidade real, que liga todos os pontos do globo e influencia comportamentos. E em meio a esse processo fala-se ainda de uma “ética do mercado”.
            Em meio a todos estes aspectos sociais e globais, faz-se necessário que cada ser humano esteja consciente de que não bastam as reflexões, é preciso mudar conceitos, ter condutas condizentes com o que harmoniza a sociedade em todos os seus segmentos. Não se pode desconsiderar que, tanto no âmbito das relações humanas, quanto no político, econômico, enfim, social, constantemente são feitos julgamentos de forma moral. Basta observar que um grande espaço nas discussões entre amigos, na família ou no trabalho abrange aqueles sentimentos que pressupõem juízos morais: indignação, rancor, sentimentos de culpa e vergonha. Também no domínio político julga-se moralmente de forma contínua, e valeria a pena considerar que aparência teria uma disputa política não conduzida pelo menos por categorias morais.
            Contudo, não há receitas para o agir bem: o compromisso consigo, com os outros, com as novas gerações exige um estado de alerta constante. Viver sob os moldes da moral não é tarefa simples nem fácil, mas há a possibilidade de participar de um mundo moral. E o que podemos tirar de lição é que os problemas éticos presenciados na atualidade não vão se resolver apenas por tentativas isoladas de educação ou instrução ética dos indivíduos. É preciso vontade individual e política de alterar as condições sociais geradores das mazelas sociais como a violência, a corrupção, a exploração, vicissitudes dos que estão à margem da sociedade. Em outras palavras: não basta “reformar o indivíduo” para “reformar a sociedade”; é preciso reformar a ambos. Um projeto moral desligado de um projeto político sucumbiria ao fracasso. Os dois processos caminham juntos, pois formar o ser humano plenamente moral, ético, só é possível na sociedade que também se esforça para ser justa e democrática, com direitos igualitários a todos, sem exceção.
            E sendo a ética a ciência que estuda o comportamento humano (como o entedia o filósofo grego Aristóteles) com ênfase tantos nos valores individuais como nos valores do individuo perante a comunidade a qual pertence, faz-se mister exigir de cada um e da sociedade seriedade e dignidade nos seus atos sejam eles políticos, sociais, culturais, religiosos ou morais. É sempre importante fazer uma análise de como a ética se faz presente em nossa vida, nos dias atuais, pois se observa que certos valores que cada indivíduo assimila no decorrer de sua formação como pessoa, muitas vezes adquiridos em  sua família, escola, enfim, tais valores procuram nos guiar através de nossas escolhas, entre o certo e o errado, o bem e o mal, possuímos uma liberdade de escolha que nos faz mais responsáveis por nossas ações e que vem a nos incentivar a colocar em prática nosso respeito e dignidade, levando em conta o bem comum de todos a nossa volta.

WEBGRAFIA CONSULTADA
NASH, L. 2001. Uma abordagem da importância da ética nas organizações. Disponível em: www.puccamp.br/centros/cea/sites/revistas/conteúdo

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