Filosofia, Sociologia, Historia, Teologia, Antropologia, Psicopedagogia, Neuropedagogia, Política, Cidadania, Educação Especializada, Inclusão Social, Rock and Roll (BR), cotidiano... prof.filo.antonio@gmail.com
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
Cinismo
Cinismo
Postado por Natália Petrin
Cinismo é o nome que recebe a corrente filosófica que foi
fundada por Antístenes, discípulo de Sócrates. Os filósofos que seguiam essa
corrente, recebiam o nome de cínicos e seu propósito na vida era viver na
virtude, de acordo com a natureza. O nome foi originado do grego, cuja tradução
literal seria “igual a um cão”. Os cínicos eram chamados de cães, pois
Antístenes ensinava em um templo para nothoi atenienses, que é um termo usado
para designar aqueles que não possuíam a cidadania ateniense por nascerem de
escravas, estrangeiras ou prostitutas. O templo era chamado Cinosargo, que vem
de Cynosarges que pode significar “alimento de cão”, “cão rápido”.
História
Cinismo
Antístenes, ex-aluno de Sócrates, foi o primeiro filósofo a
definir o cinismo no final do século 5 a.C., e foi seguido por Diógenes de
Sinope, que foi quem levou aos extremos lógicos o cinismo, passando a ser visto
como o arquétipo de filósofo cínico. A corrente filosófica começou a
espalhar-se durante a ascensão do império romano no século 1. E desapareceu ao
final do século 5, apesar de que muitos filósofos afirmam que o cristianismo
primitivo adotou muitas ideias ascéticas e retóricas.
Os cínicos gregos e romanos clássicos tinham a virtude como a
necessidade única para a alcançar a felicidade, e seguiram a filosofia
cegamente, negligenciando tudo que não promovesse a perfeição da virtude e não
permitisse chegar à felicidade. O termo cínicos, derivado do grego que
significa cão, era usado pois os cínicos negligenciavam a sociedade, higiene,
família e dinheiro, entre outras coisas, de forma semelhante à um cão.
Características de vida e influências
Os cínicos viviam rejeitando valores sociais, poder, fama e
dinheiro, desacreditando que isso poderia trazer a felicidade verdadeira.
Viviam apenas de acordo com a natureza, libertando-se de convenções para
tornar-se autossuficientes. A ganância, para eles, era vista como uma forma de
sofrimento, assim como alguns outros comportamentos que criticavam. No início
do século 19, desenvolveram uma compreensão moderna de cinismo, que o definia
como “uma atitude de desdém negativo ou cansado, especialmente uma desconfiança
geral quanto à integridade ou motivos professos dos outros”, em contraponto com
a filosofia antiga que pregava a virtude e a liberdade moral na libertação do
desejo.
Para os cínicos, a felicidade dependia exclusivamente de seu
eu interior, sendo alheia às preocupações com a morte, a saúde e o sofrimento,
por exemplo, sendo a chave exatamente a libertação de tudo isso. Esses
filósofos tiveram influência em outros filósofos como os pitagóricos, que já
tinham defendido a vida simples nos séculos anteriores.
Fonte: https://www.estudopratico.com.br/cinismo/
domingo, 25 de fevereiro de 2018
3ºAno / Filo / 1ºBim
Disciplina: Filosofia
Prof.: Prof. Fil. Antonio Moraes
Série: 3º Ano
Texto: A existência Ética (pág. 312/319)
Livro: Iniciação à Filosofia
Autora: Marilena Chaui
Editora: Ática, 2016
ESTUDO DIRIGIDO ACERCA DA
TEMÁTICA A EXISTÊNCIA ÉTICA (PÁG. 312/319).
A autora, a Prof. Fil. Marilena
Chaui, trabalha nesse texto a importância da A EXISTÊNCIA ÉTICA, e para tanto
traz situações do cotidiano, apontando questões nas quais estamos envoltos e
muitas vezes não nos damos conta de que a realidade vivida deve ser pensada,
refletida.
A existência ética.
Nossos sentimentos e nossas ações
exprimem nosso senso moral.
Vivemos certas situações, ou
sabemos que foram vividas por outros, como situações de extrema aflição e angústia.
Situações como essas - mais
dramáticas ou menos dramáticas - surgem sempre em nossas vidas.
Nossas dúvidas quanto à decisão
certa a tomar não manifestam nosso senso moral, mas também põem a prova nossa
consciência moral, pois exigem que decidamos o que fazer, que justifiquemos
para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumimos
todas as consequências delas, porque somos responsáveis por nossas opções.
Quantas vezes, levados por algum
impulso incontrolável ou por alguma emoção forte (medo, orgulho, ambição,
vaidade, covardia), fazemos alguma coisa que, depois, sentimos vergonha,
remorso, culpa. Gostaríamos de voltar atrás no tempo e agir de modo diferente.
Esses sentimentos também exprimem nosso senso moral.
O senso moral e a consciência moral referem-se a valores (justiça,
honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos
provocados pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso, contentamento,
cólera, amor, dúvida, medo) e a decisões
que conduzem a ações com consequências para nós e para os outros. Embora os
conteúdos dos valores variem, podemos notar que estão se referindo a um valor
mais profundo, mesmo que apenas subentendido: o bom ou o bem.
O senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos,
intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade.
Dizem respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto, nascem e
existem como parte da nossa vida subjetiva.
Senso Moral = maneira como avaliamos a conduta e a ação de outras
pessoas.
Consciência Moral = capacidade de decidir o que fazer, de
justificar as razões de nossas decisões e de assumir as consequências delas.
Juízo de Fato = dizem o por que as coisas são o que são, como são
e por que são.
Juízo de Valor = são avaliações sobre coisas, pessoas e situações,
e são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião. Se referem ao
que devem ser.
Agente Moral = Homem, dotado de razão, capaz de ver, julgar e agir
na realidade em que está inserido.
A Existência Ética é constituída por
dois polos internamente relacionados: o agente ou o sujeito moral (o homem) e os valores
morais ou os fins éticos. Além disso, é constituída também pelos meios morais.
2º Ano / filo 1º Bim.
Disciplina: Filosofia
Prof.: Prof. Fil. Antonio Moraes
Série: 2º Ano
Texto: A Atitude Cientifica (pág.
236/243)
Livro: Iniciação à Filosofia
Autora: Marilena Chaui
Editora: Ática, 2016
ESTUDO DIRIGIDO ACERCA DA
TEMÁTICA A ATITUDE CIENTIFICA (PÁG. 236/243).
A autora, a Prof. Fil. Marilena
Chaui, trabalha nesse texto a importância da ATITUDE CIENTIFICA, e para tanto
traz situações do cotidiano, apontando questões nas quais estamos envoltos e
muitas vezes não nos damos conta de que a realidade
vivida deve ser pensada, refletida.
Senso Comum e Atitude Científica.
Há uma grande diferença entre
nossas certezas cotidianas e o pensamento científico. Nossas opiniões
cotidianas formam o senso comum da nossa sociedade, criam certezas que são
transmitidas de geração a geração, e muitas vezes, se transformam em crença
religiosa, tornando-se uma doutrina inquestionável. Vejamos alguns exemplos:
O Sol é menor do que a Terra, o
Sol se move em torno da Terra que permanece imóvel, as cores existem em si
mesmas. A família é uma realidade natural criada pela natureza para garantir a
sobrevivência humana e para atender à afetividade natural dos humanos, que
sentem necessidade de viver juntos.
O conhecimento científico
desconfia da veracidade de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas,
da ausência de crítica e da falta de curiosidade. Por isso onde vemos fatos e
acontecimentos, a atitude cientifica vê problemas e obstáculos, aparências que
precisam ser explicadas e, em certos casos, afastadas. Retornemos aos nossos
exemplos:
A astronomia demonstra que o Sol
é muitas vezes maior do que a Terra e, desde Copérnico, que é a Terra que se
move em torno do Sol. A óptica demonstra que as cores são ondas luminosas,
obtidas pela refração e reflexão ou decomposição da luz branca. Historiadores e
antropólogos mostram que o que entendemos por família (pai, mãe, irmãos,
esposa, marido) é uma instituição social recentíssima – data do século XV – e é
própria da Europa ocidental, mostram também que não é um fato natural, mas uma
criação humana, exigida por condições históricas determinadas.
Características do Senso Comum
Um breve exame dos nossos saberes
cotidianos e do senso comum de nossa sociedade revela que possuem algumas
características que lhes são próprias:
- são subjetivos, isto é,
exprimem sentimentos e opiniões individuais ou de grupos, variando de uma pessoa
para outra ou de um grupo para outro, dependendo das condições em que vivemos.
- por serem subjetivos, levam a
uma avaliação qualitativa das coisas conforme os efeitos que produzem em nossos
órgãos dos sentidos ou conforme os desejos que despertam em nós e o tipo de
finalidade ou de uso que lhes atribuímos.
- agrupam-se ou distinguem-se
conforme as coisas e os fatos nos pareçam semelhantes ou diferentes.
- são individualizadores, isto é,
cada coisa ou cada fato nos parece como um indivíduo distinto dos outros por
possuir qualidades que nos afetam de maneira diferente.
- mas são também generalizadores,
pois tendem a reunir numa só opinião ou numa só idéia coisas e fatos julgados
semelhantes.
- em decorrência das
generalizações, tendem a estabelecer relações de causa e efeito entre as coisas
ou entre os fatos.
- não se surpreendem nem se
admiram com a regularidade, constância, repetição e diferença das coisas, mas,
ao contrário, a admiração e o espanto se dirigem para o que é imaginado como
único, extraordinário, maravilhoso ou miraculoso.
- pelo mesmo motivo e não por
compreenderem o que seja a investigação cientifica, tendem a vê-la quase como
magia, considerando que ambas lidam com o misterioso, o oculto, o
incompreensível.
- costumam projetar nas coisas ou
no mundo sentimentos de angustia e de medo diante do desconhecido.
- por serem subjetivos,
generalizadores, expressões de sentimento de medo e angustia e de incompreensão
quanto ao trabalho cientifico, nossas certezas cotidianas e o senso comum de
nossa sociedade cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos a
interpretar a realidade que nos cerca e todos os acontecimentos.
Características do pensamento
cientifico
Em quase todos os aspectos
podemos dizer que o pensamento filosófico-cientifico opõe-se ponto por ponto às
características do senso comum:
- é objetivo, pois procura as
estruturas universais e necessárias das coisas investigadas.
- é quantitativo, ou seja, busca
medidas, padrões, critérios de comparação e de avaliação para coisas que
parecem diferentes.
- é homogêneo, isto é, busca as
leis gerais de funcionamento dos fenômenos, que são as mesmas para os fatos que
nos parecem diferentes.
- é generalizador, pois reúne
individualidades sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de medida,
mostrando que possuem a mesma estrutura, embora sejam sensorialmente percebidas
como diferentes.
- é diferenciador, pois não reúne
nem generaliza por semelhanças aparentes, mas distingue entre os que parecem
iguais, desde que obedeçam a estruturas diferentes.
- só estabelece relações causais
depois de investigar a natureza ou estrutura do fato estudado e suas relações
com outros semelhantes e diferentes.
- surpreende-se com a
regularidade, a constância, a frequência, a repetição e a diferença das coisas
e procura mostrar que o maravilhoso, o extraordinário ou o milagroso é um caso particular
do que é regular, normal, frequente.
- distingue-se da magia. A
atitude cientifica opera um desencantamento do mundo, mostrando que nele não
agem forças secretas, mas causas e relações racionais que podem ser conhecidas
e que tais conhecimentos podem ser transmitidos a todos.
- afirma que, pelo conhecimento,
o homem pode libertar-se do medo e das superstições, deixando de projetá-los no
mundo e nos outros.
- procura renovar-se
continuamente, evitando a transformação das teorias em doutrinas e destas em
preconceitos sociais. O fato cientifico resulta de um trabalho paciente e lento
de investigação e de pesquisa racional, aberto a mudanças, não sendo nem um
mistério incompreensível nem uma doutrina geral sobre o mundo.
A ciência distingue-se do senso
comum porque esta é uma opinião baseada em hábitos, preconceitos, tradições
cristalizadas, enquanto a primeira baseia-se em pesquisas, investigações
metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente
coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é conhecimento que
resulta de um trabalho racional.
1º Ano / Filo / 1º Bim.
Disciplina: Filosofia
Prof.: Prof. Fil. Antonio Moraes
Série: 1º Ano
Texto: A Atitude filosófica (pág. 6/19)
Livro: Iniciação à Filosofia
Autora: Marilena Chaui
Editora: Ática, 2016
Blog: http://filhodasophia.blogspot.com.br
ESTUDO DIRIGIDO ACERCA DA TEMÁTICA A ATITUDE FILOSÓFICA (PÁG. 6/19).
A autora, a Prof. Fil. Marilena Chaui, trabalha nesse texto a importância da ATITUDE FILOSÓFICA, e para tanto traz situações do cotidiano, apontando questões nas quais estamos envoltos e muitas vezes não nos damos conta de que a realidade vivida deve ser pensada, refletida.
A autora traça um paralelo com o filme Matrix para uma maior compreensão, apontando que “vencer o poder da Matrix é destruir a aparência ilusória, restaurar a realidade e assegurar que os seres humanos possam perceber e compreender o mundo verdadeiro e viver realmente nele”, (pág. 8).
O ápice do texto é O MITO DA CAVERNA (pág. 10), onde a autora faz um paralelo entre o personagem Neo no interior da Matrix e o homem que inicialmente se encontra no interior da Caverna, mas que posteriormente consegue se libertar das correntes que o aprisionava no interior da Caverna e consegue vencer os obstáculos e chega ao exterior da caverna.
Para tanto, a autora traz a reflexão a figura de Sócrates (séc. IV a.C) e sua reflexão exponencial acerca do papel do homem como ser-de-reflexão capaz de realizar a travessia da caverna (da aparência) para o mundo externo (essência).
Assim como Neo (novo = homem que faz a travessia do mundo sensível para o mundo inteligível), somos desafiados a cumprirmos tal missão: “CONHECE-TE A TI MESMO”.
O que é o Mito da caverna:
Mito da caverna é uma metáfora criada pelo filósofo grego Platão, que consiste na tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos e o que seria necessário para atingir o verdadeiro “mundo real”, baseado na razão acima dos sentidos.
Também conhecida como Alegoria da Caverna ou Parábola da Caverna, esta história está presente na obra “A República”, criada por Platão e que discute, essencialmente, a teoria do conhecimento, linguagem e educação para a construção de um Estado ideal.
O Mito da Caverna é um dos textos filosóficos mais debatidos e conhecidos pela humanidade, servindo de base para explicar o conceito do senso comum em oposição ao que seria a definição do senso crítico.
Segundo o pensamento platônico, que foi bastante influenciado pelos ensinamentos de Sócrates, o mundo sensível era aquele experimentado a partir dos sentidos, onde residia a falsa percepção da realidade; já o chamado mundo inteligível era atingido apenas através das ideias, ou seja, da razão.
O verdadeiro mundo só conseguiria ser atingido quando o indivíduo percebesse as coisas ao seu redor a partir do pensamento crítico e racional, dispensando apenas o uso dos sentidos básicos.
Saiba mais sobre o significado de Platônico.
O Mito da Caverna de acordo com a história formulada por Platão, existia um grupo de pessoas que viviam numa grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por correntes, forçando-os a fixarem-se unicamente para a parede que ficava no fundo da caverna.
Atrás dessas pessoas existia uma fogueira e outros indivíduos que transportavam ao redor da luz do fogo imagens de objetos e seres, que tinham as suas sombras projetadas na parede da caverna, onde os prisioneiros ficavam observando.
Como estavam presos, os prisioneiros podiam enxergar apenas as sombras das imagens, julgando serem aquelas projeções a realidade.
Certa vez, uma das pessoas presas nesta caverna conseguiu se libertar das correntes e saiu para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas assustou o ex-prisioneiro, fazendo-o querer voltar para a caverna.
No entanto, com o tempo, ele acabou por se admirar com as inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim, quis voltar para a caverna e compartilhar com os outros prisioneiros todas as informações e experiências que existiam no mundo exterior.
As pessoas que estavam na caverna, porém, não acreditaram naquilo que o ex-prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias atraíssem outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os prisioneiros mataram o fugitivo.
Interpretação do Mito da Caverna:
Para Platão, a caverna simbolizava o mundo onde todos os seres humanos vivem, enquanto que as correntes significam a ignorância que prendem os povos, que pode ser representada pelas crenças, culturas e outras informações de senso comum que são absorvidas ao longo da vida.
As pessoas ficam presas a estas ideias pré-estabelecidas e não buscam um sentido racional para determinadas coisas, evitando a “dificuldade” do pensar e refletir, preferindo contentar-se apenas com as informações que lhe foram oferecidas por outras pessoas.
O indivíduo que consegue se “libertar das correntes” e vivenciar o mundo exterior é aquele que vai além do pensamento comum, criticando e questionando a sua realidade.
Assim como aconteceu com seu mestre, Sócrates, que foi morto pelos atenienses devido aos seus pensamentos filosóficos que provocavam uma desestabilização no “pensamento comum”, o protagonista desta metáfora foi morto para evitar a disseminação de ideias “revolucionárias”. O Mito da Caverna mantém-se muito contemporâneo nas diversas sociedades ao redor do mundo, que preferem permanecer alheios ao pensamento crítico (seja por preguiça ou falta de interesse) e aceitar as ideias e conceitos que são impostos por um grupo dominante, por exemplo.
Assim como aconteceu com seu mestre, Sócrates, que foi morto pelos atenienses devido aos seus pensamentos filosóficos que provocavam uma desestabilização no “pensamento comum”, o protagonista desta metáfora foi morto para evitar a disseminação de ideias “revolucionárias”. O Mito da Caverna mantém-se muito contemporâneo nas diversas sociedades ao redor do mundo, que preferem permanecer alheios ao pensamento crítico (seja por preguiça ou falta de interesse) e aceitar as ideias e conceitos que são impostos por um grupo dominante, por exemplo.
Fonte: https://www.significados.com.br/mito-cavena
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
Juventude e o Sagrado
Um dos grandes questionamentos dos jovens ainda se assenta acerca do fenômeno religioso.
Ao passo que há uma descrença por parte da juventude nos sistemas religiosos, há também uma certa busca pelo Sagrado/Transcendente.
As contradições morais históricas ilusórias e falaciosas contribuíram para o afastamento da juventude dos templos religiosos. Mas isso não significa que a grande maioria dos jovens abandonaram suas crenças no Divino, apenas mudaram a forma de como se relacionam com o Mesmo e suas novas concepções acerca do Mesmo os remetem a um "jeito novo" de ser crente.
Sem moralismo e sem hipocrisia são os paradigmas novos de novas "expressões" de núcleos de jovens que se voltam para o Outro-em-si-no-outro.
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
Projeto Tereré Filosófico
O projeto Tereré Filosófico (Roda do Saber), esta passando por um processo de readequação e em breve irá promover por meio de atividades culturais, palestras, sarau e atividades de intervenção sobre assuntos relacionados a filosofia, história, artes, ciência, tecnologia, educação, cidadania, direitos humanos entre outros relacionado ao cotidiano. A proposta é oferecer condições para debates e com isso criar o hábito do diálogo com o diferente e a prática do exercício do respeito as multiplicidades de expressões... Aguardem.
domingo, 18 de fevereiro de 2018
A política como manipulação dos afetos
PUBLICADO EM Por Michel Aires de Souza
Em uma época de progresso no pensamento, onde o desenvolvimento técnico e cientifico possibilitou aos indivíduos uma maior compreensão do mundo, onde a racionalidade se elevou a todos os âmbitos da vida, o homem em vez de desenvolver um alto nível de consciência e de reflexão crítica, regrediu a um estado de barbárie. A barbárie pode ser definida como a regressão da humanidade a estado de primitivismo. Estando a civilização em seu mais alto desenvolvimento tecnológico, as pessoas se encontram atrasadas de um modo peculiarmente disforme em relação a sua época (ADORNO, 1995). Há um descompasso entre o nível material e espiritual alcançado de nossa civilização e as formas de consciência social. No Brasil vários acontecimentos demonstram essa asserção. O último acontecimento bárbaro foi a agressão a filósofa Judith Butler no aeroporto, por manifestantes de extrema direita, que a hostilizavam com palavras de baixo calão. Ela foi agredida verbalmente e fisicamente. Antes de chegar ao Brasil, já existia uma petição anônima contra sua presença, provavelmente criada por grupos primitivos como MBL – Movimento Brasil Livre, ou pelo TFP – Trabalho Família e Propriedade, com mais de trezentos e sessenta mil assinaturas. O argumento contra sua presença era a de que ela promovia a “ideologia de gênero”, e que seria prejudicial para a educação das crianças. Esses manifestantes que a atacaram confundiam sexualidade com gênero, e gênero com ideologia. Acreditam que a identidade de gênero é imutável e não uma construção histórica e social. Em nome da Bíblia se colocam contra toda diversidade sexual. A própria Judith Butler ironizou esses movimentos, afirmando que “o mundo que os conservadores querem destruir, o mundo gay, o mundo lésbico, o mundo feminista, já é muito poderoso. Eles não têm nenhuma chance de destruí-lo”. Outro fato abominável foram os protestos de conservadores e religiosos contra o Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, depois de uma menina, acompanhada da sua mãe, ser filmada tocando no pé do artista fluminense Wagner Schwartz que se apresentou nu. O museu foi acusado de promover a pedofilia. O fato é que a obra apresentada não tinha nenhum conteúdo erótico e tratava-se de uma leitura interpretativa da obra Bicho, de Lygia Clark. Se esses grupos estivessem mesmo preocupados com a exposição de corpos nus para as crianças, eles estariam protestando contra as novelas, filmes e programas veiculadas na televisão ou fazendo protestos contra a pedofilia na Igreja católica. Não é preciso muita reflexão para descobrir o que de fato estava por trás dessas manifestações. Na realidade, enquanto o patrimônio brasileiro estava sendo vendido, as leis trabalhistas estavam sendo usurpadas, e a corrupção estava escancarada, esses grupos fascistas, como o MBL, subsidiados por grandes corporações, manipulavam os afetos dos indivíduos, apelando aos valores do cidadão de bem, da família e dos bons costumes. A partir daí, vários acontecimentos inusitados ganharam espaço nos meios de comunicação de massa e nas redes sociais, como os protestos no MAM; o ataque a uma peça de teatro onde Jesus Cristo era representado por um transexual; o debate em torno da permissão da justiça para tratar homossexuais por psicólogos; as discussões em torno da escola sem partido; a invasão de universidades públicas por grupos de direita contra o comunismo; o ataque a Paulo Freire como patrono da educação no Brasil; e o ataque a filósofa Judith Butler. Mas, o que se torna preocupante nesses acontecimentos, é o apelo a impulsos inconscientes, irracionais e agressivos dos indivíduos, despertando o monstro do fascismo em nossa sociedade.
Theodor Adorno já havia nos alertado em seu artigo “A massa”, que a manipulação dos afetos não surge de demagogos que estão à margem da sociedade, e que fazem o emprego abusivo de instrumentos técnicos de persuasão para obter a adesão das massas. Na realidade, esses demagogos já não correspondem à figura isolada de “tocador de tambor”, em que eles querem se arvorar, nem são simples loucos ou psicopatas que conseguem penetrar na vida normal dos indivíduos, mas são, na verdade, “expoentes de forças e interesses sociais mais poderosos, que conseguem predominar contra as massas e com a ajuda destas” (ADORNO, 1978, p.86). Desse modo, não há dúvida quanto aos interesses econômicos de grandes corporações e do capital financeiro na manipulação dos afetos. O golpe das elites no Brasil é prova disso. Com a ajuda dos meios de comunicação de massa, elas foram capazes de levar milhares de pessoas as ruas para se manifestarem contra a corrupção atrás de um pato gigante, gerando não somente sentimentos de ódio, mas de vergonha em relação ao governo PT. O fato é que o golpe ainda continua, uma vez que as elites buscam sua manutenção no poder. Contudo, agora a palavra de ordem não é mais a corrupção, mas é o apelo a moral e aos bons costumes. A cada dia surge uma nova manifestação, onde grupos conservadores apelam aos sentimentos morais dos indivíduos, mobilizando recursos inconscientes para fins políticos. O que se pode notar nessas manifestações de intolerância é o visível estado de paranoia das pessoas. Elas possuem pensamentos delirantes e irracionais. O que as motivam é a ideia obsessiva e neurótica de que há um complô contra os valores da família, da religião e dos bons costumes. E essa paranoia tem cada vez mais contaminado a coletividade.
Em suas pesquisas, Adorno (1978) observou que não existem métodos inteiramente seguros para seduzir as massas. O método varia com a disposição delas para serem seduzidas. Os modernos recursos de comunicação de massa também não oferecem garantias para dominar os indivíduos. Eles não constituem, por si só, um perigo social. Para o frankfurtiano, são necessários três elementos para a manipulação: a predisposição, o estímulo e a reação. Desse modo, já existem predisposições psíquicas nos indivíduos para a manipulação ideológica. Essas predisposições são socialmente condicionadas. Por exemplo, um indivíduo que tenha sido criado em um ambiente religioso tem muito mais predisposição a ser cooptado por discursos que apelem a família, a moral e aos bons costumes. Através de certos estímulos ele reage muito mais facilmente a propaganda fascista do que um indivíduo não religioso. Do mesmo modo, o indivíduo que teve pais autoritários e uma educação disciplinar tem muito mais predisposição a ser cooptado pelo discurso autoritários e nacionalistas do que um indivíduo que não teve esse tipo de educação. O fato é que a manipulação só é possível se ela utiliza recursos psicológicos inconscientes que estão na base dessas predisposições.
Quando o indivíduo faz parte de um grupo ou de uma massa, ele perde totalmente suas características individuais. As suas capacidades intelectuais, seu modo específico de pensar e agir se dissolvem, e os homens dariam livre curso aos seus instintos primitivos. A personalidade consciente desaparece e o inconsciente toma seu lugar. O indivíduo deixa de possuir um eu e age por sugestão, sendo influenciado pelo comportamento da massa. Essas características puderam ser notadas nas manifestações contra o governo Dilma. As pessoas nas manifestações agiam de forma irrefletida, pareciam estar possuídas: muitas gritavam, outras xingavam, algumas choravam de ódio, muitas mulheres ficaram totalmente nuas, vários homens mostravam as nádegas, outros dançavam, muitos estavam fantasiados e outros cantavam com forte emoção o hino nacional. Essas experiências de catarse coletiva também puderam ser notadas em outras manifestações da direita fascista.
Uma das características fundamentais desses indivíduos que protestaram contra o homem nu no MAM ou contra a palestra de Judith Butler é o extremo conservadorismo. Essa tendência os leva a ser influenciado por políticos com discursos conservadores. É por esta razão que Jair Bolsonaro, político da extrema direita, ocupa o segundo lugar nas pesquisas eleitorais para 2018. Ele comumente é chamado por seus eleitores de “Mito”. Esse fato é bastante significativo, pois demonstra processos inconscientes envolvidos na forte adesão a esse candidato. Na teoria freudiana, a figura do líder representa o pai primordial amoroso e também autoritário de épocas primitivas. Adorno em seus estudos sobre a personalidade autoritária também a entendeu como a volta do passado mítico reprimido do homem. Quando o indivíduo faz parte de um grupo ou da massa, ele regrediria a um estado anterior de desenvolvimento, assemelhando-se a um ser primitivo. Com isso, ele seria fortemente influenciável não tanto por argumentos racionais, mas pelo prestígio do líder, a quem procura imitar. A influência dos processos inconscientes torna-se fundamental, pois os instintos conservadores se fortalecem e os valores da tradição são defendidos com um alto grau de agressividade. Por isso, agitação fascista está centrada na ideia do líder, não importando se ele lidera de fato ou se é apenas um instrumento de interesses de grupo, porque apenas a imagem psicológica do líder é apta a reanimar a ideias do todo-poderoso e ameaçador pai primitivo (ADORNO, 2006).
Em seu livro Psicologia do grupo e análise do Ego, Freud (1996) avaliou que as ligações entre membros de um grupo são determinadas pela libido. Todos os indivíduos que fazem parte de uma coletividade têm a necessidade inconsciente de pertencer a uma comunidade harmoniosa, sendo felizes e amados por seus pares. Eles também possuem a necessidade de um líder que possam seguir. Freud chegou a essa conclusão depois de ter analisado a igreja e o exército. Em suas analises, ele percebeu que o líder é o segundo fator mais importante depois de Eros na unificação do grupo. É por meio do líder que todos os membros de uma coletividade se identificam por relações de amor. O líder representa “o ideal do Ego” e tem o papel de autoconservação, da consciência moral e de repressão. Cabe ao líder, portanto, o controle das consciências do grupo. Ele une todos pela identificação uns com os outros e pela mesma percepção da realidade
Crochik (2006) explica-nos que Adorno deriva da teoria freudiana um tipo de identificação, própria ao fascismo, que supõe o líder como representante do pequeno grande homem, ou seja, aquele que mesmo sendo igual a todos, tem mais força e consegue expressar desejos ligados às pulsões destrutivas, estimuladas pelas frustrações individuais que a sociedade acarreta. Destaca ainda o apelo da propaganda fascista à irracionalidade contida no inconsciente, o que é vislumbrado na constatação de que o indivíduo em massa se comporta de maneira regredida em comparação às suas ações fora das massas. A partir disso, o indivíduo quando faz parte de um grupo, torna um ser atomizado, alienado, que perde sua capacidade reflexiva, tornando-se suscetível a manipulação dos afetos.
Em uma sociedade extremamente racionalizada, onde a vida dos indivíduos e a totalidade da existência é administrada, não há lugar para a espontaneidade subjetiva. Na sociedade de massas não há lugar para a expressão da individualidade. O triunfo dos controles técnicos no mundo contemporâneo representa o triunfo de uma realidade que se confronta com o sujeito como algo absoluto e esmagador. A sobrevivência do homem depende de sua capacidade de adaptação as pressões que a sociedade exerce sobre ele. A vida de cada um deve ser submetida à racionalização e ao planejamento. Esse caráter opressor da civilização, que enclausura o indivíduo em uma realidade cada vez mais socializada, produz um grande mal-estar, que tem como resultado a liberação dos impulsos destrutivos contra a civilização. Desse modo, o enfraquecimento de todos na sociedade moderna, onde o Ego se torna debilitado, predispõe cada um a fragilidade subjetiva, para a capitulação na massa dos seguidores. A identificação seja com o coletivo ou com a figura superpoderosa do Líder, oferece ao indivíduo um substituto psicológico para o que, na realidade, lhe falta. (ADORNO, 1978). O que lhe falta, portanto, é sua própria capacidade de ser um indivíduo. Daí o ódio e a agressividade que são liberados em todas as manifestações fascistas.
Referências Bibliográficas
ADORNO, Theodor W. A teoria freudiana e o padrão de propaganda fascista. Margem Esquerda: ensaios marxistas, n.7, 2006, p. 164-189.
ADORNO, Theodor W. Educação e Emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995.
HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W (Org). A Massa. In: Temas básicos da sociologia. São Paulo: editora Cultrix, 1978
CROCHIK, José Leon. Nota sobre o texto A teoria freudiana e o padrão de propaganda fascista, de T.W. Adorno. Margem Esquerda: ensaios marxistas, n.7, 2006, p. 159-163.
FREUD, Sigmund. Psicologia de Grupo e a Análise do Ego. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
https://filosofonet.wordpress.com/2017/11/16/a-politica-como-manipulacao-dos-afetos/
Uma breve reflexão sobre o amor
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Por Michel Aires de Souza
O amor em sua essência tem um duplo sentido. O mito do nascimento de Eros nos mostra a ambivalência do amor. Esse mito foi contado por Diotina da Mantineia em um debate com Sócrates, no livro o Banquete de Platão, escrito no século IV antes de Cristo. O mito mostra-nos os dois lados de Eros. Quando Afrodite a Deusa da beleza nasceu, todos os deuses foram convidados, exceto Pênia (a Penúria). A Deusa Pênia é a personificação da miséria. Por onde ela passa produz a escassez e a carência. Mesmo não tendo sido convidada para a festa, a Deusa dos desgraçados e miseráveis decide entrar para se alimentar dos restos de comida, pois estava morrendo de fome. Ao Percebe que todos os deuses estavam distraídos, se divertindo, começa a comer. No jardim encontra Poros (Abundância) embriagado, filho de Metis (A Prudência), personificação da riqueza. Com isso faz amor com ele. Daí surge Eros, Deus do Amor. Ao ser gerado no dia do nascimento de Afrodite, a Bela, Eros ama o belo, está sempre em busca da beleza. Mas sua vida é trágica. Como sua mãe Eros está sempre carente, mendigando. Ele sente-se infeliz e abandonado, sempre na penúria. Mas por outro lado, por ser filho de Póros, é astuto, engenhoso e calculista. Está sempre em busca da beleza. Quando consegue conquistá-la sente plenitude e felicidade.
O amor é carência e plenitude ao mesmo tempo. Aquele que ama sente um vazio, uma falta, uma privação, que somente se dissipa através do outro. O amor é uma busca constante para aplacar a dor da falta. Nós amamos no outro a nossa incompletude. Como disse Marcel Proust, “só se ama o que não se possui completamente”. Por outro lado, o amor é pleno, belo, alegre e feliz. O outro nos preenche na medida em que satisfaz o nosso vazio interior. Nesse sentido, o amor é uma linha tênue entre a carência e a abundância, a tristeza e a felicidade, o vazio e a plenitude. Quando dois indivíduos transcendem através do amor, eles se tornam plenos de felicidade, de abundância, não necessitam de mais nada para viver.
Contudo, é perigoso o amor que pensa encontrar no outro um pedaço de si mesmo. Amar no outro a si mesmo é poder perder-se a si mesmo. A pessoa apaixonada afirma: “Eu e você somos um só”. No auge do sentimento do amor as fronteiras entre o eu e a pessoa amada ameaçam desaparecer. O individuo se despersonifica, se desindividualiza, torna-se outrem. Os sentimentos e emoções afetam o indivíduo independentemente de seu consentimento. É nesse sentido que podemos entender o conceito de paixão. A partir de sua etimologia, paixão vem de pathos, que em grego tem a mesma raiz de sofrer, suportar, deixar-se levar por. O amor intenso, fulminante e perturbador da alma, impede o homem de perceber os acontecimentos com clareza. Também é nesse sentido que o amor, entendido como uma paixão arrebatadora, é doentio e perigoso, portanto, deve ser controlado. O verdadeiro amor consiste em doar-se, sem se anular. Amar é preservar a individualidade e a diferença do outro, sem perder de vista nossa própria individualidade. Amar é admirar e estar comprometido com a realização do outro. O ato de amar implica cuidados, responsabilidade, respeito e autoconhecimento.
Os Gregos tinham três palavras para definir o amor: Philia, Ágape e Eros. A palavra Philia refere-se à amizade. A amizade é um amor incondicional, pois não impõe condições ou limites para se gostar. O amor entre amigos é desinteressado. A confiança é o seu fundamento. Na amizade compartilham-se os pensamentos e os segredos, pois amigos são francos, nada se esconde um do outro. O companheirismo, a preocupação, o respeito, a lealdade, o carinho são as características fundamentais de toda amizade. A palavra Ágape, por sua vez, refere-se ao amor fraternal. Surge do preceito cristão “amai uns aos outros como eu vos amei”. Era usada nos textos antigos para designar uma boa refeição em ritos de ação de graça. Daí surge à noção de eucaristia e caridade. É um tipo de amor universal ligado ao desprendimento, à filantropia, à generosidade e à fraternidade entre os homens. É o amor pela humanidade. Por último, Eros é o amor romântico e tem um caráter sexual. Ele está ligado à atração e ao desejo, pois é fisiológico e se torna fundamental para a reprodução da espécie. No amor erótico dois indivíduos são atraídos, se apaixonam e buscam a felicidade mutuamente. Contudo, Eros é ambivalente e tem uma influência fundamental na personalidade humana. Ele produz grande satisfação e felicidade, mas pode desorientar o indivíduo mais conservador, pode destruir relações de amizade, acabar com casamentos, interrompe tarefas e destruir a vida de uma pessoa.
A partir desses três conceitos podemos compreender melhor a essência do amor. A relação amorosa é fundamental para a felicidade dos indivíduos. O amor é um desejo de unidade e indivisão, de completude e de satisfação plena. O amor preenche a existência. A vida sem amor não vale a pena ser vivida. Por esta razão, os três conceitos sobre o amor se tornam fundamentais para a vida amorosa. O amor de Eros se desvela como um impulso de reprodução da espécie. Ele busca a satisfação do desejo, do prazer e da alegria. Contudo, o amor não se realiza apenas eroticamente, não se satisfaz apenas pela satisfação do prazer e da sexualidade. A vida amorosa começa com Eros, pela apreciação da beleza, mas transcende a mera sexualidade. Por isso é necessário o amor de Philia, para gerar a amizade, a reciprocidade, o companheirismo, o respeito e a fidelidade. O amor de Philia valoriza a confiança, os projetos compartilhados, o cuidado, o afeto e o carinho pelo outro. Contudo, não há amor pleno sem Ágape, pois a generosidade, a preocupação e a doação de si também são fundamentais para a vida amorosa. Nesse sentido a vida plenamente feliz no amor só pode existir através de Eros, Philia e Ágape. Se faltar um desses três ingredientes não há amor. No amor não há interesses, mas somente afeição entre duas pessoas. A gratidão, a tolerância, o zelo, a amizade, o desejo, a paixão, a generosidade, a doação de si são produtos e ingredientes do amor. Como afirma uma passagem da Bíblia: Coríntios 13:4-7, “o amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".
https://filosofonet.wordpress.com/2015/09/24/uma-breve-reflexao-sobre-o-amor/
Sartre e a Origem da Angústia
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Por Michel Aires de Souza
O grande problema do homem moderno é a falta de sentido da vida e o vazio de sua interioridade. O indivíduo não sabe o que quer e também não sabe o que sente. Constantemente vive reclamando da vida e em conflito consigo mesmo. Algumas vezes encontra-se angustiado ou em depressão. Sua vida é regular e monótona, realiza atos habituais e rotineiros. Levanta-se sempre a mesma hora, segue sempre o mesmo trajeto para o trabalho, volta para casa sempre no mesmo horário. Ao chegar em casa faz sempre as mesmas atividades, como assistir televisão, tomar uma cerveja ou ficar na internet. A grande maioria abandonou aquela ambição típica da juventude de ser feliz a qualquer custo.
A falta de sentido da vida provém da incapacidade do ser humano se auto-conhecer e de agir como ser pensante e autônomo. Ao não perscrutar e analisar sua existência e seu mundo interior o indivíduo torna-se incapaz de dirigir sua própria vida. Vivemos uma época em que os indivíduos perderam a exuberância, perderam a capacidade de viver à vida apaixonadamente. O homem moderno não tem mais a responsabilidade pelo que é. Ele perdeu a capacidade de fazer alguma coisa por si mesmo e se sentir bem com a vida. A falta de sentido, de objetivos, de finalidade tornou-se a condição existencial do homem contemporâneo. O desespero tornou-se parte da condição humana. Em uma entrevista Sartre reconheceu que “via no desespero uma imagem lúcida do que era a condição humana.” (SARTRE, 1980, p. 19)
Em uma época onde os valores se relativizaram, e onde vazio interior e falta de sentido tornaram-se parte da experiência humana, o existencialismo tem algo muito importante a nos oferecer. É um instrumento que pode nos ajudar a superar nossas angústias e nos levar à liberdade, nos ajudando a agir de forma autônoma. O existencialismo pode nos ajudar a repensar nossa própria vida e nossas ações no mundo. Mas, antes, devemos saber o que é isto, o existencialismo?
A partir da segunda guerra mundial o homem experimentou a barbárie, a regressão social e a falta de sentido da vida. Tornou-se comum no vocabulário das pessoas a famosa frase de Sartre, “a existência precede a essência”. Sartre explicou essa frase em uma conferência, que o tornou famoso: “O existencialismo é um humanismo”. Nesta conferência ele procurou defender sua filosofia das críticas que lhe eram feitas, buscando introduzir o público leigo nos conceitos de sua filosofia. Sartre iniciou sua palestra explicando o fundamento de sua filosofia. Para isso, ele usou um exemplo de como um objeto é feito, imaginou como um corta-papel seria projetado. No nosso dia-a-dia deparamo-nos com uma infinidade de objetos. Se pensarmos como eles são feitos, chegamos à conclusão de que todos seguem uma receita, um plano. Para criarmos um corta-papel temos que planejar, temos que ter uma ideia de sua forma, seu tamanho, suas características e sua finalidade. Para que este objeto torne-se funcional temos que ter um projeto em nossa mente. Neste caso a essência do objeto precede sua existência. Este exemplo bastante simples mostrar-no que, se Deus existisse, ele seria parecido com um fabricante de corta-papel, pois teria criado o mundo a partir de um projeto. Contudo, para Sartre, este raciocínio não se aplica a existência humana. O existencialismo de Sartre é ateu. Ele defende a tese de que “a existência precede a essência”. Não há um Deus criador, um demiurgo, que antes planejou o ser humano a partir de uma ideia prévia, assim como o escultor produz sua obra a partir da matéria bruta. O ser humano simplesmente existe e só se define a partir do que ele faz de si mesmo. Não existe uma natureza humana pronta, acabada e pré-definida. O homem é livre para fazer o que quiser de sua vida. A essência do indivíduo se define por aquilo que ele faz de si mesmo. Isso significa que o homem está condenado à liberdade. Não existe destino, o destino somos nós que fazemos.
O existencialismo de Sartre postula que o homem não é um “ser em-si”, não é um objeto inanimado como as coisas no mundo. Só as coisas são em-si. O homem é um “ser para-si”, pois tem consciência de si mesmo. O homem é um ser da liberdade, da escolha. É aquele que deseja e escolhe o que deseja. Mas não se trata de obter o que se quer, mas desejar com a alma, com discernimento, com autonomia, determinar-se a querer por si mesmo. Dessa forma, o homem nada é, mas torna-se o que se é quando constrói sua própria liberdade e, portanto, sua própria essência.
É notório que em nossa época o homem moderno não escolhe autenticamente a vida que quer levar. Ele assume compromissos sociais, morais e religiosos que geralmente não pode cumprir. Por escolher mal ele paga um preço muito alto, pois não consegue se libertar de suas escolhas e fica angustiado. Para Sartre, a angustia surge da consciência de nossa liberdade, surge da responsabilidade por nossos atos. “É na angústia que o homem toma consciência de sua liberdade (…) na angústia que a liberdade está em seu ser colocando-se a si mesmo em questão”. (SARTRE, 2002, p.72). Dessa forma, a angústia resulta da revelação da nossa própria liberdade sem peias, limitada apenas por si mesma, fonte absoluta de todo sentido. Mas, esta liberdade, “só é descoberta reflexivamente, quando, engajado no mundo, em vez de realizar meus possíveis (se se quiser, meus fins ou meu futuro), eu os aprendo como meus” (MOUTINHO, 2003, p.77)
Sartre diagnosticou em nossa época que a maior parte dos seres humanos preferem não serem livres. O homem prefere a não-liberdade do que sentir a angústia de escolher sua própria liberdade. Alguns homens prendem-se a riquezas, outros a fama. Uns levam o peso de seu orgulho, outros o peso de sua solidão. Uns prende-se ao casamento, outros a religião. Um curva a cabeça ao seu chefe, outro a família. Só para exemplificar, hoje em dia nós vemos uma grande parte dos casais vivendo juntos sem amor, apenas se suportando. Isso por causa dos filhos, por causa dos bens ou mesmo por dependência psíquica em relação ao outro. A vida torna-se insuportável. O resultado são as brigas, as traições, a ansiedade, as compulsões e as neuroses. Também há profissionais que fazem a mesma atividade e odeiam o que fazem, são incapazes de mudar de vida. Ficam na mesma profissão por anos a fio, mesmo odiando o que fazem. É um desperdício das capacidades físicas, intelectuais e da criatividade. A explicação de Sartre para estes problemas está na angústia da escolha. O homem tem medo da liberdade. Para muitos seres humanos a liberdade gera a angústia. Muitos não suportam esta angústia, e para não assumir a liberdade, fogem dela. São incapazes de escolher. São homens da má-fé. A má-fé é a atitude característica do homem que não é capaz de escolher. Este tipo de homem aceita passivamente sua situação, pensa que sua vida é assim porque Deus quis e que não pode mudar seu destino. Ele aceita os valores, normas e regras da tradição passivamente sem nunca refletir sobre elas. Ele engana a si mesmo e pensa que é dono de seus atos.
O exemplo de má-fé no amor é bastante ilustrativo. Para Sartre, a união amorosa é um conflito irreconciliável, já que assimila a própria individualidade e a do outro em uma mesma transcendência. Em conseqüência disso, implica o desaparecimento do caráter de um dos dois. Quem ama limita a liberdade alheia, apesar de respeitá-la. Dessa forma, no amor, a atitude da má-fé acontece quando o indivíduo está com alguém há anos sem sentir amor, mas, por questões morais, religiosas ou por gratidão, fica assim mesmo com a pessoa. Ele não a ama, mas dissimula para si mesmo que a ama. Ele não quer fazer uma escolha pela qual teria que se responsabilizar. O indivíduo recusa a dimensão do para-si e torna-se em-si. Ele é um objeto, uma coisa, o puro nada. É o homem responsável que recusa sua liberdade e se torna um ser conformado.
Quando não temos convicção sobre o que realmente desejamos e sentimos, somos levados a desejar e a querer o que a sociedade ou o grupo nos inculcam. A ambição e as metas que temos não são nossas, mas aprendemos e a adquirimos de outros. Lutar pelo êxito financeiro, procurar ser um profissional bem sucedido, ter fama ou poder para sermos amados e admirados torna-se uma ilusão. O resultado disso é a ansiedade, o vazio interior e a solidão. Quando os verdadeiros sentimentos e desejos se perdem surge a apatia e a resignação. A vida torna-se fútil, sem emoções, e os sonhos perdem sua importância. Esse medo e incapacidade de escolher nos leva ao vazio. O vazio vem do sentimento do nada que experimentamos. A pior coisa que pode acontecer a um homem é o nada. O nada é o não-ser, o não se realizar, o não querer mais, é o cansaço e a impotência.
MOUTINHO, Luiz D.S. Sartre:Existencialismo e Liberdade. São Paulo: Moderna, 2003
SARTRE. J. L’Existentialisme est un humanisme. Paris: Gallimard. Col. Folio. 1996
SARTRE. J. O testamento de Sartre. Paris: 1980. L&PM, São Paulo, p. 17-64. Entrevista concedida a Benny Lévi para Nouvel Observateur
SARTRE, J. P. O Ser e o Nada: Ensaio de ontologia fenomenológica, trad. Paulo Perdigão Petrópolis: Vozes, 2002.
https://filosofonet.wordpress.com/2010/10/10/sartre-e-a-angustia-da-escolha/
1º Bim. --- 3º Ano Filo
Nietzsche e a filosofia como libertação
Por Michel Aires de Souza
Nietzsche pode ser considerado um dos filósofos mais importantes do mundo contemporâneo, sendo o grande responsável pela “crise da modernidade”. Nasceu em Roecken (1844), na Prússia, estudou filologia em Bonn e Leipzig, tornou-se professor de filologia clássica na Universidade de Basiléia, na Suíça, em 1869. Foi influenciado pela filosofia pessimista de Schopenhauer e tornou-se amigo do músico Richard Wagner, com quem depois rompeu relações
Nietzsche foi um crítico mordaz dos valores do racionalismo iluminista e dos valores morais e religiosos de nossa época. Ele constatou que noções como verdade, justiça, razão, bem, mal, virtude, Deus foram relativizados no mundo moderno como conseqüência do progresso técnico e científico. Dessa forma, segundo o professor Oswaldo Giacóia, ele “dedicou sua vida a realizar três tarefas: compreender a lógica desse movimento contraditório ao longo do qual o progresso do conhecimento leva à perda de consistência dos valores absolutos; a partir daí, denunciar todas as formas de mistificação pelas quais o homem moderno oblitera sua visão dos perigos de sua condição; por fim, destruídos os falsos ídolos – e esses são os valores mais venerados pelo homem moderno -, assumir corajosamente o risco de pensar novos valores, abrir novos horizontes para a experiência humana na história.” (Giacóia, 2000, p.17).
Nietzsche é considerado o filósofo dos instintos e da vontade de potência, sendo inimigo do “amolecimento moderno dos sentimentos” e condenando o homem moral, fraco e religioso. Ele se propôs a si mesmo fazer uma crítica dos valores morais, colocando em questão o próprio valor desses valores. Com isso, identificou a razão e a racionalidade com a decadência e o ódio aos instintos. A racionalidade desde o nascimento da filosofia tornou a razão (logos) o paradigma para o mundo ocidental, fundamentado nas categorias éticas que têm orientado os homens ao longo da história, reprimindo os instintos de vida celebrados pela tragédia grega, em nome de uma vida ética e consciente. O “logos” subjugou os instintos criadores. O homem de rapina, que age guiado pelos instintos, foi substituído pelo homem racional. A vida foi subjugada pela razão.
A filosofia de Nietzsche é uma filosofia dos afetos, das paixões e desejos, que contempla o individualismo, a força, a abundância e os instintos de vida. Para ele, filosofar não era uma atitude teórica e contemplativa, mas uma atitude prática que se enraíza na vida, um ato de libertação de toda subjugação, de toda moral, de toda deformação e de tudo aquilo que nos prende a religiões, grupos ou ideologias. Em “Crepúscolo dos Idolos”, Nietzsche afirma que o homem livre é um guerreiro. “Pois o que é a liberdade? Ter a vontade de responsabilidade própria. Manter firme a distância que nos separa. Tornar-se indiferente a cansaço, dureza, privação, e mesmo à vida. Estar pronto a sacrificar à sua causa seres humanos, sem excluir a si próprio. Liberdade significa que os instintos viris, que se alegram com a guerra e a vitória, têm domínio sobre outros instintos, por exemplo, sobre o da ‘felicidade’. O homem que se tornou livre, e ainda mais o espírito que se tornou livre, calca sob os pés a desprezível espécie de bem-estar com que sonham merceeiros, cristãos, vacas, mulheres, ingleses e outros democratas. O homem livre é um guerreiro.” (Nietzsche, 1974, p.348-9)
A filosofia como libertação se personifica em um dos seus personagens: Zarathustra. Zarathustra é aquele que nos ensina o caminho da liberdade, ensina-nos como devemos ser senhor de si mesmo. Publicado entre 1883 e 1885, “Assim falou Zarathustra”, é considerado um dos seus principais livros. Neste livro, de forma poética, está condensado toda sua filosofia. Através de Zarathustra Nietzsche criticou os valores morais de sua época, desconstruiu a metafísica, denunciou o atraso da educação e cultura alemã, criticou o Estado e a política. Mas, o que nos interessa em Zarathustra, são seus ensinamentos. Ele nos ensina que a dor e o sofrimento é parte integral da vida e que viver é um processo contínuo de libertação. É sobre este personagem que trataremos.
Afinal, o que Zarathustra nos ensina?
Zarathustra é o além do homem (Übermensch), pois ele viu muitas coisas, sofreu muito, amou, odiou, foi guerreiro, experimentou a morte, comemorou a vida. Em seu caminho cheio de pedras, ele superou a si mesmo. Em sua Odisséia, ele superou muitos monstros, muitos dragões até tornar-se ele mesmo, até tornar-se Zarathustra. O que Zarathustra nos ensina é tornar-se “si mesmo”. Essa é sua principal sabedoria. É isso que devemos aprender com ele, devemos aprender a ser nós mesmos. Não devemos seguir ninguém, não devemos seguir ídolos, nem mesmo a Zarathustra. Ele nos exorta a comer muito sal, a aprender com a pedra, que ela é dura, a saber que na dor há esperança e que o destino somos nós que fazemos. Quem nunca sentiu dor não sabe o que é a vida. Todos nós temos Zarathustra dentro do coração, mas também temos um dragão que impera com suas regras e normas. Para fazer surgir uma estrela que dance devemos quebrar muitas tábuas de leis. Quem quiser nadar que entre na água. Quem quer, mas não age, apenas deseja e sofre.
Foi muito difícil a Zarathustra tornar-se si mesmo, foi preciso muita coragem, foi preciso engolir muito sal. Ele soube reconhecer seu destino. Ele soube viver sua vida. A maior parte dos homens não vive sua vida, não cumpre seu destino. Temos que aprender a coisa mais difícil desse mundo: aprender a viver. Viver é saber qual é o nosso destino. O destino não pode ser imposto de fora, ele deve ser puro como o mais fino brilhante, ele vem de dentro de nossos corações, devemos identificá-lo. Quem reconheceu seu destino quer cumpri-lo. Quem deseja amar, que ame. Quem deseja a liberdade, que se liberte.
No destino há dor, mas também há esperança. É na dor que aprendemos qual é o nosso destino. A dor nos ensina a viver. Devemos respeitá-la e amá-la como algo necessário. Muitos indivíduos não respeitam sua dor, não aprendem nada com ela. Estão sempre se lamentando e maldizendo a vida. Muitos nem ao menos sabem por que sofrem. Acham que a dor é causada pela falta de dinheiro, falta de amor, falta de emprego. Se tentassem entender a dor, tudo seria mais fácil. Perceberiam que ela não é causada pelo mundo, mas é uma dor pessoal causada pela insatisfação, causada pelo desejo de viver, causada pelo desejo de liberdade. Não percebem que é seu destino que reclama dentro de seus corações. Os homens sufocam seu destino e é na dor que o destino grita por socorro. É o destino em nossos corações que reclama à vida
Zarathustra nos ensina que falta obstinação ao homem. Falta personalidade. Temos que viver conforme o nosso coração. A verdade está em nós mesmos. Não devemos seguir o rebanho. Temos que deixar de ser gregários. Temos que adquirir perspectivas pessoais. Temos que ser frios e corajosos. Tudo que existe possui um destino. O destino do pássaro é voar. O destino do peixe é nadar. O destino do homem é realizar seu sentido interno. Temos que descobrir o nosso sentido interno, a nossa natureza. Só assim nos tornamos um espírito livre. Temos que voltar a sermos crianças, pois “a criança é a inocência, e o esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento, uma santa afirmação” (Nietzsche, 2004, p.36) A criança é um espírito livre. Ela segue seu sentido interno. Ela é pura espontaneidade, necessidade, liberdade, não sente culpa, não tem malicia, é inocência e sua vida consiste em brincar. Já o adulto é consciente de seus atos, sabe que para viver em sociedade deve abandonar uma grande parte de seus sonhos e desejos, pois deve se adaptar as exigência da vida social. O homem civilizado vive uma vida inautêntica. É um ser não-livre, moral, que sente culpa e remorso pelos seus atos.
Para Zarathustra o destino do homem é crescer enquanto indivíduo. O sentido interno do homem está ligado a sua vontade de potência, a sua vontade de crescimento. O que importa é a nossa força interna, a força vital. O importante é cumprir o nosso destino individual. Enquanto seres gregários não temos individualidade. A individualidade é algo que temos que adquirir através do nosso destino pessoal. Temos que viver autenticamente a vida. Temos que ser nós mesmos. O indivíduo só se torna o que se é por suas próprias forças, ou seja, por sua vontade de potência. “E onde há sacrifício, serviço e olhar de amor há também vontade de ser senhor. Por caminhos secretos desliza o mais fraco até a fortaleza, e até mesmo ao coração do mais poderoso, para roubar o poder. E a própria vida me confiou este segredo. ‘Olha – disse – eu sou o que deve ser superior a si mesmo’”.(Nietzsche, 2004,p.96-7) O que Zarathustra nos ensina é ser senhor de si mesmo, pois aquele que é senhor de si mesmo é senhor do mundo.
Bibliografia:
Giacóia , O. Nietzsche. Publifolha, 2000 (Folha explica)
Nietzsche, F. Assim Falou Zarathustra. Martin Claret: São Paulo, 2004
Nietzsche, F. Crepúsculo dos idolos. In: Os Pensadores
Webgrafia: https://filosofonet.wordpress.com/2010/12/31/nietzsche-e-a-filosofia-como-libertacao/
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